Diário da Quarentena: Indicação do livro “Rainha da Moda: Como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução”.

Uma ótima dica de leitura para quem gosta de moda e história é o livro “Rainha da Moda: Como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução”, escrito por Caroline Weber, professora adjunta de francês no Barnard College, da Universidade Columbia. O livro recebeu vários elogios, como por exemplo, em 2007 o jornal americano New York Times o intitulou como “notável”, já o Washington Post Book World o qualificou como o melhor livro do ano.

Weber relata que os historiadores que se debruçaram sobre a trajetória de Maria Antonieta “raramente enfatizaram a importância que o público atribuiu ao que ela vestiu em cada passo ao longo do caminho.” (WEBER, 2008, p.10). Dessa forma, nessa fantástica obra, repleta de belas ilustrações, a autora traz um olhar diferenciado que visa um tratamento detalhado da moda usada pela polêmica rainha francesa demonstrando, assim, como a moda foi ao mesmo tempo o meio de afirmação de Maria Antonieta e o caminho para seu trágico fim.

Da vestimenta de montaria masculino aos excêntricos penteados, dos mais luxuosos vestidos ao modesto estilo pastoril, as modas lançadas por Maria Antonieta foram largamente copiadas – influenciando tanto as prostitutas como as damas da nobreza – ao mesmo tempo que ajudou a desfazer a aura de sacralidade que envolvia a monarquia francesa, insuflando ainda mais os ânimos dos revolucionários, pois o caro vestuário da rainha “passou a sintetizar as vastas desigualdades econômicas que condenavam tão grande parte do populacho francês à miséria abjeta.”(WEBER, 2008, p.15).

Mesmo quando a Revolução à condenou a morte, “a vontade de Maria Antonieta de controlar sua imagem, de administrá-la através do vestuário, não a abandonara”. (WEBER, 2008, p.319). Ela calçou seus sapatos preto-ameixa, usou uma anágua limpa, uma chemise branca, completando o traje, colocou um vestido deshabillé branco, além disso, envolveu o pescoço com um fichu de musselina. No caminho para a guilhotina seu vestuário despojado calou a multidão enfurecida e revelou uma mulher altiva e forte (WEBER, 2008).

Conforme Weber (2008), mais do que caprichos de uma rainha frívola, ao ler essa publicação o leitor descobre como a moda permitiu a Maria Antonieta marcar sua posição. E como nos permite, hoje, ver a história por um novo e inusitado ângulo.

Boa leitura!

Texto: Camila Carmona Dias

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